sábado, 25 de setembro de 2010

Poesia

Nunca fui como todos
Nunca tive muitos amigos
Nunca fui favorita
Nunca fui o que meus pais queriam
Nunca tive alguém que amasse
Mas tive somente a mim
A minha absoluta verdade
Meu verdadeiro pensamento
O meu conforto nas horas de sofrimento
não vivo sozinha porque gosto
e sim porque aprendi a ser só...
Florbela Espanca

Poesia

Saudade

Saudade é solidão acompanhada,
é quando o amor ainda não foi embora,
mas o amado já...

Saudade é amar um passado que ainda não passou,
é recusar um presente que nos machuca,
é não ver o futuro que nos convida...

Saudade é sentir que existe o que não existe mais...

"Saudade é o inferno dos que perderam,
é a dor dos que ficaram para trás,
é o gosto de morte na boca dos que continuam...

Só uma pessoa no mundo deseja sentir saudade:
aquela que nunca amou.

E esse é o maior dos sofrimentos:
não ter por quem sentir saudades,
passar pela vida e não viver.

O maior dos sofrimentos é nunca ter sofrido."
Pablo Neruda

Poesia

"A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a dor do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana.

A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo,
o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.

O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se,
o ser casto da mulher, do amigo, do povo, do mundo. Esse queima como uma lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que o reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes de emoção, as que são o patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto de sua fria e desolada torre."
Vinícius de Moraes

domingo, 19 de setembro de 2010

Sobre o tempo

"Vor mir war keine Zeit, nach mir wird keine seyn. Mit mir gebiert sie sich, mit mir geht sie auch ein." Daniel von Czepko, Sexcenta monodisticha sapientum, III (1655) 

sábado, 18 de setembro de 2010

O Fernando Pessoa me entenderia

 O Fernando Pessoa é demais, eu sei que é muita pretensão de minha parte, mas cada vez que leio um poema dele parece que ele fala comigo. Veja esse  trecho de "Ophelinha" (do livro "Quando fui outro"):
 "Quem ama verdadeiramente não escreve cartas que parecem  requerimentos de advogado. O amor não estuda tanto as cousas, nem trata os outros como "réus" que é preciso "entalar". 

Cuide-se bem!

 "Nove décimas partes da felicidade se baseiam na saúde, pois que com saúde tudo é causa de satisfação e, pelo contrário, sem ela não interessa nenhum bem exterior, e inclusive os de natureza subjetiva, as características do espírito, o humor e o temperamento, perdem e transformam-se com a doença. Por isso, não deixa de ser perfeitamente razoável que, antes de mais nada, se interessem os homens pela saúde dos seus semelhantes e a desejem boa uns aos outros, pois é a fonte principal da felicidade humana. Deduz-se pois disto que a maior das loucuras é sacrificar a saúde por qualquer coisa que seja: ganho, progresso, sabedoria, fama, para não falar da "boa vida" e dos "prazeres fáceis"; pelo contrário, tudo se deve colocar depois dela". Arthur Schopenhauer 

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Que razões haverá para postular que o futuro já existe?

      Dunne propõe duas: uma, os sonhos premonitórios; outra a relativa simplicidade que essa hipótese confere aos inextrincáveis diagramas típicos de seu estilo. Também quer evitar os problemas de uma criação contínua...
     Os teólogos definem a eternidade como a posse lúcida e simultânea de todos os instantes do tempo e consideram-na um dos atributos divinos. Dunne, para nosso assombro, supõe que a etenidade já é nossa e que os sonhos de cada noite o confirmam. Neles, segundo pensa, confluem o passado imediato e o imediato futuro. Na vigília, percorremos o tempo sucessivo em velocidade uniforme; no sonho, abarcamos uma área que pode ser vastíssima. Sonhar é coordenar os relances dessa contemplação e com eles urdir uma história, ou uma série de histórias. Vemos a imagem de uma esfinge e a de uma loja e inventamos que uma loja se transforma em esfinge. Ao homem que amanhã conheceremos emprestamos a boca de um rosto que olhou para nós ontem à noite...(Já Schopenhauer escreveu que a vida e os sonhos eram folhas de um mesmo livro, e que lê-las em ordem é viver; folheá-las, sonhar. Lindo, não?)        
       Dunne afirma que a morte nos ensinará o exercício feliz da eternidade. Recuperaremos todos os instantes de nossa vida e os combinaremos do jeito que nos agradar.Deus e nossos amigos e Shakespeare colaborarão conosco.

A Medida do Abismo (Vinicius de Moraes)

 Não é o grito
A medida do abismo?
Por isso eu grito
Sempre que cismo
Sobre tua vida
Tão louca e errada...
_Que grito inútil!
_Que imenso nada!